segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Bolsa de mãe

VHipnotizada!! Era assim que eu ficava observando as mães com seus pequenos filhos na sala de espera de um consultório médico.  Ninguém sequer me notava,  pq eu era só mais uma criança em meio a tantas outras. 
Mas eu ficava ali, ao lado da.minha mãe,  que com o olhar distante,  estava alheia a tudo que acontecia naquele ambiente. 
Era só uma criança chorar, ou dar birra,  e lá vinha a mágica. ... 
A mãe pegava sua cria chorosa, acalentava no colo, abria a bolsa e de lá de dentro tirava uma.gostosura qualquer,  fosse um doce,  um biscoito, uma mamadeira com suco,  ou até mesmo uma chupeta amarrada a uma fralda,  e bumm!!! Silêncio novamente. 
E eram todas as mães assim... 
Eu ficava extasiada pensando no maravilhoso mundo que devia habitar aquelas bolsas! Quanto "cala-boca" em forma de mimos! 
Olhei para minha mãe e sua modesta bolsinha, e corri para pegar o que era meu por direito! Abri sua bolsa e.....nada! 
Fiquei ali sentada sem entender pq não aconteceu comigo. Pensei: - As vezes é necessário que se dê "piti" pra ter direito ao prêmio,  mas que nada! Já estou grande pra isso!  Deixa estar. 
Anos mais tarde, já adulta, estava eu e minha já velha mãe em um consultório como aqueles, aguardando para que meu filho fosse atendido.  E o danado começou a  espernear. Eis que nesse momento, minha mãe abriu a sua bolsa e tirou de lá um brinquedinho e no mesmo instante meu filho se calou e se aconchegou em seu colo em silêncio. 
E ali, naquele momento,  percebi   que em alguns casos,  a mágica necessita do tempo para acontecer. 
-Lu H





quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Despedida


cena de vc mãe sentada ao lado daquele caixão por horas, não me sai da cabeça.  Todos os demais conversavam, comiam,  contavam suas piadas, assim como acontece em todo velório, e vc ali, com o braço estendido sobre a urna como se fosse possível conseguir o abraço que sempre recusou.
E vc murmurava baixinho palavras que por mais que eu tentasse decifrar,  não pude. Seria muita invasão da minha parte,  afinal aquele era seu momento de acerto de contas,  e eram muitos anos pra passar a limpo. Mas me dei o direito de imaginar seu desabafo.
Imaginei mãe,   vc falando pra ele de todos os vestidos que vc podia ter feito com os tecidos que ele lhe dava,  na esperança de que  vc não desse mais  desculpas de não sair pra passear com ele por falta de roupa. E mesmo assim, nunca  fez nenhum vestido e nem aceitou os convites dele. Lembrei dele que sempre que chegava em casa ia até vc só pra te dar um beijo e perguntar se estava tudo bem. E vc respondia:  "estava"
Mãe, ele nos amou,  é fato, mas só pra você ele guardava um jeito carinhoso.  Mas quanto mais ele queria te entregar esse sentimento,  mais vc recuava.  Mãe acredito no elo eterno do amor, que nem mesmo a morte é capaz de faze-lo acabar. Então é um alento crer que esse seu sentimento o alcançou, e sei que ele tá feliz em saber que a semente que por toda vida deste casamento ele semeou , venceu,  e fez brotar uma flor na dureza do seu coração.






segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Bodas de alma

Ele sonho 
Ela raiz 
Ele amanhã 
Ela jamais 
Ele multidão 
Ela solidão 
Ele intenso 
Ela nuance 
Ele ventania 
Ela farol 
Ele amor 
Ela também . 

-Lu H

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Fofuras da Fefa

Kit -Mamãe me empresta a faquinha?
-Não meu amor, vc só tem 3 aninhos e não pode brincar com faca!
- mamãe, eu quero a  minha "faquinha",mulher do "poi".

-Lu H








terça-feira, 3 de novembro de 2015

Só Freud explica

Quando criança, a minha casa nunca cheirou bolo assado ou pão quentinho.
Sem gostosuras ou doces; muitas vezes nem mesmo nas palavras.
O amor era uma verdade constante, porém, guardado e trancafiado.
Era velado pelo guardião do silêncio.
Em algumas ocasiões vencia seu cárcere e se mostrava.
Riscava o céu como um cometa de brilho intenso e fugaz.
Ardia na alma, e a garganta se enchia do que vinha com imensa intensidade do coração.
Mas sem encontrar caminho na voz, se derramava e transbordava no olhar, revelando o amor que todos já sabíamos existir.  
-Lu H



segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Saudade


Chegou sem me avisar
Silenciosa e mansa
Fez refúgio no meu coração.
Longos ficam os dias,
Dias de lembranças.
Memórias de pessoas que se foram,
E daquelas que nunca foram. 
Momentos, melodias,
Cenas e sinas,
Sons e sabores.
O possível e o nunca,
Alívio e tormenta,
Se aquieta, sedimenta,
E no suspiro, se liberta.
-Lu H



domingo, 1 de novembro de 2015

Aparências

Estavam sentados muito próximos, estavam juntos.   Ele tinha o olhar na paisagem que passava tão ligeiro quanto meus pensamentos.  Ela tentava esconder as lágrimas que desciam pelo seu rosto,  na esperança que ninguém as visse.  Embora o metrô estivesse cheio,  ninguém notou, mas eu vi, e me dei o direito de tentar decifrar aquelas lágrimas. Como homem não presta, pensei:
Certamente ele lhe contara que o romance chegou ao fim,  que conheceu alguém bem mais interessante, mais jovem, mais bonita. ... Ele não queria,  lutou contra este sentimento, mas sabe como é,  a carne é fraca... e bla bla bla
Os homens são todos iguais!
Seria isso? Não.  Ele secou uma lágrima no rosto dela com delicadeza pegou sua mão e a beijou bem de leve. Cafajestes não são assim!
Não,  com Certeza não era isso. Teriam então acabado de saber que são estéreis? Que o filho tão sonhado nunca chegaria? Queriam um menino, já tinham até escolhido o nome.
Não. ...acho que isso tb não.   Teriam perdido alguém amado?  Um pai? Uma mãe?
Pensei em oferecer um lenço de papel assim poderia criar uma situação onde eu pudesse me aproximar e descobrir o combustível daquela tristeza.
Mas, antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, levantaram-se e desceram na estação seguinte. Ainda pude vê-los seguindo de mãos dadas sumindo em meio a multidão, Neste momento me lembrei de Luigi Pirandello. Ele tinha toda razão:  Assim é,  se lhe parece.

Aparências

Estavam sentados muito próximos, estavam juntos.   Ele tinha o olhar na paisagem que passava tão ligeiro quanto meus pensamentos.  Ela tentava esconder as lágrimas que desciam pelo seu rosto,  na esperança que ninguém as visse.  Embora o metrô estivesse cheio,  ninguém notou, mas eu vi, e me dei o direito de tentar decifrar aquelas lágrimas. Como homem não presta, pensei:
Certamente ele lhe contara que o romance chegou ao fim,  que conheceu alguém bem mais interessante, mais jovem, mais bonita. ... Ele não queria,  lutou contra este sentimento, mas sabe como é,  a carne é fraca... e bla bla bla
Os homens são todos iguais!
Seria isso? Não.  Ele secou uma lágrima no rosto dela com delicadeza pegou sua mão e a beijou bem de leve. Cafajestes não são assim!
Não,  com Certeza não era isso. Teriam então acabado de saber que são estéreis? Que o filho tão sonhado nunca chegaria? Queriam um menino, já tinham até escolhido o nome.
Não. ...acho que isso tb não.   Teriam perdido alguém amado?  Um pai? Uma mãe?
Pensei em oferecer um lenço de papel assim poderia criar uma situação onde eu pudesse me aproximar e descobrir o combustível daquela tristeza.
Mas, antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, levantaram-se e desceram na estação seguinte. Ainda pude vê-los seguindo de mãos dadas sumindo em meio a multidão, Neste momento me lembrei de Luigi Pirandello. Ele tinha toda razão:  Assim é,  se lhe parece.

Perfeição.


Desabafo.

Quero um novo trabalho
Quero poder dizer: Não quero
Quero ser pianista
Quero só me preocupar com o que vou fazer de mistura na janta (mentira)
Quero ter um botão de desligar, igual secador de cabelos,
Quero poder falar o que penso pra todo mundo, sem estar nem aí com a hora do Brasil,
Quero a alegria do começo
Quero não me importar
Quero um espirito leve
Quero poder querer tudo isso sem remorso,
Quero não depender de hormônios para saber se mato ou se beijo,
Quero aquietar minha alma,
E silenciar meu coração, com uma paz que neste momento não me alcança. 
-Lu H.